domingo, 3 de junho de 2012

Carlito Rocha e Maria Lenk driblaram os submarinos alemães durante a Segunda Guerra

Uma das novidades do Blog da Revista UNIFICAR será a colaboração de escritores, jornalistas, pesquisadores e outros profissionais mercantes e não mercantes. Para abrir a série, convidamos o jornalista e escritor MARCOS EDUARDO NEVES, autor do livro "NUNCA HOUVE UM HOMEM COMO HELENO", que acaba de ser reeditado, e é destaque junto com o filme "HELENO", dirigido por José Henrique Fonseca e interpretado por Rodrigo Santoro.

É o próprio Marcos Eduardo Neves que explica a razão de sua participação no Blog da Revista UNIFICAR:


Há mesmo males que, queiram ou não, vêm para o bem

"Ao pesquisar para o livro “Nunca houve um homem como Heleno”, lançado em 2006 e reeditado este ano pela Zahar, por conta de o biografado Heleno de Freitas ter vivido seu apogeu nos anos 40, mergulhei de forma razoavelmente profunda sobre os noticiários da Grande Guerra. Acho que uma das razões de ser de um biógrafo é justamente voltar no tempo e vivenciar situações pelas quais não pode ou jamais poderia passar. Dessa forma, vivi a aflição e a apreensão do povo brasileiro com a Guerra, e descobri dados interessantes sobre o conflito, que poucos sabiam – e menos ainda lembravam – que tiveram ligação direta com o episódio do torpedeamento de navios brasileiros na nossa costa.


Marcos Eduardo Neves, jornalista e escritor

Descobri, por exemplo, que Carlito Rocha, notável presidente do Botafogo, muito antes de abraçar sua paixão clubística, fez muito pelo esporte em geral. Em 1943, no dia de Nossa Senhora da Glória, Carlito, na época presidente da Federação Metropolitana de Remo, organizou a primeira regata noturna no Brasil. O black-out na orla era obrigatório, devido ao torpedeamento dos navios brasileiros por submarinos alemães. Dirigente dedicado, obstinado, Carlito conseguiu o impossível: mobilizou dezenas de holofotes do Exército, de alta potência, para iluminar a enseada da Glória, alegrando as cerca de 100 mil pessoas que se dirigiram ao Outeiro.

Carlito Rocha e Biriba (mascote do Botafogo)

Outro dado interessante foi saber que a grande nadadora Maria Lenk criou a primeira escolinha de natação do país na piscina do Copacabana Palace. Tudo por conta também do torpedeamento dos navios. A partir desse fato, muitas mães ficaram com medo de deixar suas crianças brincando na areia da praia. Temiam que submarinos alemães surgissem “metralhando” a esmo. Visionária, Lenk aproveitou-se da situação e instaurou, na fortaleza que era o grande hotel do Rio, sua escolinha de natação. Choveu crianças ali; foi um acerto e tanto. Hoje há escolinhas de natação em clubes, academias, em quase todos os lugares. Antes não. E isso deveu-se ao torpedeamento. Sinal de que há mesmo males que, queiram ou não, vêm para o bem".

Maria Lenk